domingo, 18 de agosto de 2013

Qualidades Do Orixá Logun Edé?


Logun Edé é único, ele é um Orixá metá, ou seja, congrega três energias: de Oxun, de Oxóssi e dele mesmo, domina o poder de mutação e transforma-se no que ele quiser, e um dos seus Orikís nos diz:

“Ológun fihòn awo

funfun lóni ni òlá

Ó yióò fihón dúdú…”

( O feiticeiro mostra a pele que desejar; se mostrar a pele clara hoje, amanhã mostrará a pele escura)

Podemos sintetizar Logun Edé nessas cantigas de sua roda, mostra-nos que ele não tem qualidade, ele é tão somente o rei Logun Edé, o único soberano na cidade de Ilexá e, todos os anos, gente de toda parte da África vem para os festejos de OLògún Edé que duram a semana inteira.

1-

Solo- Olowò! A kofá rè a kofá ré wo

(rico senhor, pegaremos seu arco e flexa)

Coro: E a kofá ijó ijó Logun o, e a kofá

(vamos pegar o arco e flex e dançar para Logun)

Solo: Ofá Lògún

(arco e flexa de Logun)

Coro: Rere a kó ofá

(Bom caçador carrega o arco e flexa)

Solo: Odé Lonan

(caçador dos caminhos)

Solo: Olorigun

(chefe que sabe flexar)

Coro: E má a kó ofá

( não nos reecuse o arco e flexa)

2-

Coro: Ae ae odé Loko

(Ae ae caçador vai para o mato)

Solo: Odé Loko nibaiin

(caçador no mato, reverenciamos)

Coro: Odé logun labamã)

(caçador no mato tem sofrimento)

3-

Coro: E, e, e, e, e, é!

Logun de le kokè

(Logun chegou a casa e gritou alto)

Solo: E logun a rô a rô

( Logun faz barulho)

Coro: Pa Logun pá Logun

(mata Logun mata Logun)

Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo (Tradução de Maria Aparecida da Nóbrega) OXUM (Osun)


OXUM (Ò UN)
Ò un na África
Oxum é a divindade do rio de mesmo nome que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Era, segundo
dizem, a segundo mulher de Xangô, tendo vivido antes com Ogum, Orunmilá e Oxossi.
As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Oxum, pois ela controla a fecundidade, graças aos
laços mantidos com Ìyámi-Àjé (“Minha Mãe Feiticeira” ). Sobre este assunto, uma lenda conta que:
“Quando todos os orixás chegaram a terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram
admitidas. Oxum ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as
deliberações. Para se vingar, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas
pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os orixás dirigiram-se a Olodumaré e
explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas
assembléias. Olodumaré perguntou se Oxum participava das reuniões e os orixás responderam que
não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a
fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo. De volta a terra, os orixás
convidaram Oxum para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe
rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes
resultados” .
Oxum é chamada de Ìyálóòde (Iaodê) título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante
entre todas as mulheres da cidade. Além disso, ela é a rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre
a água doce, sem a qual a vida na terra seria impossível.
Os seus axés são constituídos por pêras do fundo do rio Oxum, de jóias de cobre e de um pente de
tartaruga.
O amor de Oxum pelo cobre, o metal mais precioso do país iorubá nos tempos antigos, é mencionado
nas saudações que lhe são dirigidas:
“Mulher elegante que tem jóias de cobre maciço” .
É uma cliente dos mercadores de cobre.
Oxum limpa suas jóias de cobre antes de limpar seus filhos “ .
Numerosos lugares profundos (ibù), entre Igèdè, onde nasce o rio, e Lke, onde ele deságua na lagoa,
são os laçais de residência de Oxum. Aí, ela é adorada sob nomes diferentes e suas características são
distintas uma das outras. Encontramos:
Yèyé Odò, perto da nascente do rio;
Ò un Ijùmú, rainha de todas as Oxuns e que , como a que vem a seguir, está em estreita ligação com
as bruxas Ìyámi-Àjè;
Ò un Àyálá ou Ò un Ìyánlá, a Avó, que foi a mulher de Ogum;
Ò un O ogbo, cuja fama é grande por ajudar as mulheres a ter filhos;
Ò un Apara, a mais jovem de todas, de gênio guerreiro;
Ò un Abalu, a mais velha de todas;
Ò un Ajagira, muito guerreira;
Yèyé Oga, velha e brigona;
Yèyé Olóko, que vive na floresta;
Yèyé Ipetú;
Yèyé M rin ou Ib rin, feminina e elegante;
Yèyé Kare, muito guerreira;
Yèyé Oníra, guerreira;
Yèyé Oke, muito guerreira;
Ò un Pòpòlókun, cujo culto é realizado próximo à lagoa e que, diz-se no Brasil, não sobe à cabeça das
pessoas.
Sobre Ò un Àyálá, também chamada de Ò un Ìyánlá, a Avó , diz-se que era uma mulher
poderosa e guerreira, que ajudava Ogum Alagbedé, seu esposo, na forja, da mesma maneira que Oiá.
Ogum forjava e, quando o ferro começava a esfriar, ele o colocava no fogo, atiçado por oxum que
fazia funcionar os foles em cadência. O barulho que eles faziam, kutu, kutu, kutu, era ritmado e
parecia que Oxum tocava um instrumento de música. Um Egúngún que passava pela rua se pôs a
dançar, inspirado pelo som que provinha dos foles . Os passantes maravilhados testemunharam seu
contentamento oferecendo dinheiro. Muito honestamente. Egúngún entregou metade da soma
recolhida a Oxum, a Avó, o que lhe valeu ser denominada de:
“ Tocadora de música num fole para fazer dançar Egúngún” .
Proprietária do fole que sussurra como a chuva,
E cuja tosse ressoa como urra o elefante “ “ .
Segundo Epega, os reis Awaùjalè de Ijebu-Erê, em Eriti, e de Ijebu-Odê, em Ijebu, saúdam Oxum
dizendo: “Minha Mãe” .
Laços muito estreitos existem entre Oxum e os reis de Oxogbô. Neste lugar, a festa anual das
oferendas a Oxum é uma comemoração pela chegada de Laro, fundador da dinastia, às margens deste
rio cujas águas correm permanentemente. Laro, depois de muitas atribulações, achando o local
favorável ao estabelecimento de uma cidade, aí se fixou com a sua gente. Alguma dias depois de sua
chegada, uma de suas filhas foi banhar-se no rio e desapareceu sob as águas. Reapareceu no dia
seguinte, soberbamente vestida, declarando ter sido muito bem acolhida pela divindade do rio. Laro,
para demonstrar a sua gratidão, dedicou-lhe oferendas. Numerosos peixes, mensageiros da divindade,
vieram comer, em sinal de aceitação, as comidas que Laro havia jogado nas águas. Um grande peixe,
que nadava próximo ao local onde este se encontrava, cuspiu-lhe água. Laro recolheu esta água numa
cabaça e bebeu, fazendo assim um pacto de aliança com o rio. Estendeu, depois, as duas mãos para
frente e o grande peixe saltou sobre elas. Laro recebeu o título de Atóója – contração da frase iorubá
A téwó gbáà já (Ele estende as mãos e recebe o peixe) e declarou: Ò un gbo (Oxum está em estado
de maturidade), suas águas serão sempre abundantes. Essa foi à origem do nome da cidade de
Oxogbô.
No dia da festa anual, Atáója vai solenemente até as margens do rio. Tem a cabeça coberta por uma
coroa monumental feita com pequenas miçangas reunidas e é vestido com pesada roupa de veludo.
Anda com calma e gravidade, rodeado por suas mulheres e seus dignitários. Nessa procissão anual,
uma de suas filhas leva a cabaça contendo os objetos sagrados de Oxum. É a Arugbá Ò un (aquele
que leva a cabaça de Oxum). Ela representa a moça que outrora desapareceu no rio. Sua pessoa é
sagrada, e o próprio rei inclina-se à sua frente. Depois que atinge a idade da puberdade, ela não pode
mais preencher essa função. Mas, pela graça de Oxum, a descendência de Atáója é sempre numerosa,
não faltando, pois, a possibilidade de se encontrar uma Arugbá Ò un disponível.
Atáója senta-se numa clareira e acolhe as pessoas que vêm assistir à cerimônia. Os reis e os chefes das
cidades vizinhas estão todos presentes ou enviam representantes. As delegações chegam, uma após
outra, acompanhadas de músicos. Trocas de saudações, prosternações e danças sucedem-se como
formas de cortesia recíprocas, com animação crescente. Ao final da manhã, atáója, acompanhado do
seu povo e dos seus hóspedes, aproxima-se do rio e aí manda lançar oferendas e comidas, no mesmo
lugar onde Laro o fizera outrora. Os peixes as disputam sob o olhar atento das sacerdotisas de Oxum.
A seguir, Atáója dirige-se até as proximidades de um pequeno templo vizinho e senta-se sobre a pedra
– Òkúta Laro -, onde seu ancestral Laro havia repousado em outros tempos. A adivinhação é feita
para saber se Oxum está satisfeita e se ela tem vontades a exprimir. Atáója volta em seguida para a
clareira, onde recebe e trata seus convidados com uma generosidade digna da reputação de Oxum, a
rainha de todos os rios.
Oxum no Novo Mundo
No Brasil e em Cuba, os adeptos de Oxum usam colares de contas de vidro de cor amarelo-ouro e
numerosos braceletes de latão. O dia da semana consagrado a ela é o sábado e é saudada, como na
África, pela expressão “Ore Yèyé o!!!” (“Chamemos a benevolência da Mãe !!!” ).
É recomendável fazer sacrifícios de cabras a Oxum e oferecer-lhe prato de mulukun (mistura de
cebolas, feijão-fradinho, sal e camarões) e de adum (farinha de milho misturada com mel de abelha e
azeite doce). A sua dança lembra o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora que vai ao rio
se banhar, enfeita-se com colares, agita os braços para fazer tilintar seus braceletes, abana-se
graciosamente e contempla-se com satisfação num espelho. O ritmo que acompanha as suas danças
denomina-se “ ijexá” , nome de uma região da África, por onde corre o rio Oxum.
No Brasil, ela é sincretizada com Nossa Senhora das Candeias, na Bahia, e Nossa Senhora dos
Prazeres, no Cuba ela o é com Nuestra Señora de la Caridad Del Cobre.
Arquétipo
O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e
vestimentas caras. Das mulheres que são símbolos do charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais,
porém mais reservadas que Oiá. Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância.
Sob sua aparência graciosa e sedutora esconde uma vontade muito forte e um grande desejo de
ascensão social.

Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo (Tradução de Maria Aparecida da Nóbrega) -OiáYánsàn

Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo
(Tradução de Maria Aparecida da Nóbrega)
OIÁ- ( YA YÁNSÀN)
ya Yánsàn na África
ya (Oiá) é a divindade dos ventos, das tempestades e do rio Níger que, em iorubá, chama-se Odò
ya. Foi a primeira mulher de Xangô e tinha um temperamento ardente e impetuoso. Conta uma
lenda que Xangô enviou-a em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma
vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às
instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para
grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si esse terrível poder.
Oiá foi, no entanto, a única das mulheres de Xangô que, ao final do seu reinado, segui-o na sua fuga
para Tapa. E, quando Xangô recolheu-se para baixo da terra em Kossô, ela fez o mesmo em Irá.
Antes de se mulher de Xangô, Oiá tinha vivido com Ogum. Vimos, em capítulos precedentes, como a
aparência do deus do ferro e dos ferreiros causou-lhe menos efeito que a elegância, o garbo e o brilho
do deus do travão. Ela fugiu com Xangô, e Ogum, enfurecido, resolveu enfrentar o seu rival; mas este
último foi à procura de Olodumaré, o deus supremo, para lhe confessar que perdoasse a afronta. E
explicou-lhe: “Você, Ogum, é mais velho do que Xangô! Se, como mais velho, deseja preservar sua
dignidade aos olhos de Xangô e aos outros orixás, você não deve se aborrecer nem brigar; deve
renunciar a Oiá sem recriminações” . Mas Ogum não foi sensível a esse apelo, dirigido aos
sentimentos de indulgência. Não se resignou tão calmamente assim, lançou-se à perseguição dos
fugitivos e, como vimos anteriormente, trocou golpes de varas mágicas com a mulher infiel. Que foi
então, dividida em nove partes. Este números 9, ligado a Oiá, está na origem de seu nome Iansã e
encontramos esta referência no ex-Daomé, onde o culto de Oiá é feito em Porto Novo sob o nome de
Av san, no bairro Akron ( Lokoro dos Iorubás) e sob o de Ab san, mais ao norte em Baningbê. Esses
nomes teriam por origem a expressão Aborim san (“ com nove cabeça” ), alusão aos supostos nove
braços do delta do Níger.
Uma outra indicação da origem desse nome nos é dada pela lenda da criação da roupa de Egúngún
por Oiá. Roupas sob as quais, em certas circunstâncias, os mortos de uma família voltam a terra a fim
de saudar seus descentes. Oiá é o único orixá capaz de enfrentar e de dominar os Egúngún.
Oiá lamentava-se de não ter filhos. Esta triste situação era conseqüência da ignorância a respeito das
suas proibições alimentares. Embora a carne de cabra lhe fosse recomenda, ela comia a de carneiro.
Oiá consultou um babalaô, que lhe revelou o seu erro, aconselhando-a a fazer oferendas, entre as
quais deveria haver um tecido vermelho. Este pano, mais tarde, haveria de servir para confeccionar as
vestimentas dos Egúngún. Tendo cumprido essa obrigação, Oiá tornou-se mãe de nove crianças, o que
se exprime em iorubá pela frase: “ Iyá m mésàn, Origem de seu nome Iansã.
Quanto ao seu outro nome ya, há uma lenda que faz alusão à sua origem explicando-a por um jogo
de palavras. Nela se conta “ como uma cidade chamada Ipô esta ameaçada de destruição, invadida
pelos guerreiros tapás. Para preserva-la foi feita uma oferenda das roupas do rei dos ipôs. Esse traje
era de tal beleza que as galinhas do lugar puseram-se a cacarejar de surpresa – razão pela qual, diz-se
gravemente na lenda, as galinhas cacarejam até hoje, sempre estão em presença de qualquer coisa
estranha. Esse prestigioso traje foi rasgado (ya) em dois para servir para servir de almofada de apoio
às cabaças de oferendas. Apareceu então, misteriosamente, uma água que se espalhou (ya), inundando
os arredores da cidade e afogando os agressores tapas. Quando os habitantes de Ipô procuraram um
nome para este rio que surgiu e se espalhou, ya, quando as roupas foram rasgadas, ya, decidiram
chamá-lo Odò ya.
Existe uma lenda, conhecida na África e no Brasil, que explica de que maneira os chifres de búfalo
vieram a ser utilizados no ritual do culto de Oiá-Iansã:
“Ogum foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção.
Preparava-se para mata-lo quando o animal, parando subitamente, retirou sua pele. Uma linda mulher
apareceu diante de seus olhos. Era Oiá-Iansã. Ela escondeu a pele formigueiro e dirigiu-se ao mercado
da cidade vizinha. Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o no fundo de uma depósito de milho,
ao lado de sua casa, indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo. Ele chegou a pedi-la
em casamento, mas Oiá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitou, quando, de volta à
floresta, não mais achou a sua pele. Oiá recomendou ao caçador não contar a ninguém que, na
realidade, ela era um animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o que
provocou o ciúme das outras esposas de Ogum. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo da
aparição da nova mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantor: “ Máa je, máa
um, àwò r nb nínú àká” , Você Pode beber e comer (e exibir sua beleza), mas a sua pele está no
deposito (você é um animal).
“Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e voltando à forma de búfalo, matou as
mulheres ciumentas. Em seguida, deixaram os seus chifres com os filhos, dizendo-lhes: Em caso de
necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro. É por essa razão
que chifres de búfalos são sempre colocados nos locais consagrados a Oiá-Iansã” .
Tivemos oportunidade de ouvir essa história na Bahia, narrada por Pai Cosme, um Velho pai-desanto,
hoje falecido. Ele pronunciava com perfeita correção a frase iorubá citada acima.
Os oríkì dirigidos a Iansã descrevem-na bastante bem:
“Oiá, mulher corajosa que, os acordar, empunhou um sabre” .
Oiá, mulher de Xangô.
Oiá, cujo marido é vermelho.
Oiá, que embeleza seus pés com pó vermelho.
Oiá, que morre corajosamente com seu marido.
Oiá, vento da morte.
Oiá, ventania que balança as folhas das árvores por toda parte.
Oiá, a única que pode segurar os chifres de um búfalo” .
Oiá-Iansã no Novo Mundo
As pessoas dedicadas a Iansã, nome sob o qual ela é mais conhecida no Brasil, usam colares de contas
de vidro grená. A quarta-feira é o dia da semana consagrado a ela, o mesmo dia de Xangô, seu
marido. Seus símbolos são como na África: os chifres de búfalo e um alfanje, colocados sobre seu
“ pejí” . Ela recebe sacrifícios de cabras e oferendas de acarajés (àkàrà na África). Ela detesta abóbora
e a carne de carneiro lhe é proibida.
Quando se manifesta sobre um dos iniciados, ela está adornada com uma coroa semelhante à dos reis
africanos , cujas franjas de contas escondem o seu rosto. Ela traz um alfanje em uma das mãos e um
espanta-moscas feito de cauda de cavalo na outra. Suas danças são guerreiras e, se Ogum está
presente, ela se engaia num duelo com ele, lembrança, sem dúvida, de suas antigas divergências. Ela
evoca também, através de seus movimentos sinuosos e rápidos, as tempestades e os ventos
enfurecidos. Seus fiéis saúdam-na gritando: “ Epa Heyi ya!” .
No Brasil, Oia é sincretizada com Santa Bárbara e, em Cuba, com Nuestra Señona de la Candelária.
Certa Iansãs, chamadas Yánsàn de Igbalè, ligadas ao culto dos mortos, os Egúngún, quando dançam
parecem expulsar as almas errantes com seus braços largamente abertos e estendidos para a frente.
Arquétipo
O arquétipo de Oiá-Iansã é o das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias. Mulheres que podem
ser fiéis e de lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que, em outros momentos, quando
contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixam-se levar a manifestações a mais extrema
cólera. Mulheres, enfim, cujo temperamento sensual e voluptuoso pode leva-las a aventuras amorosas
extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reserva nem decências, o que não as impede de
continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados.
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Abiku o ser indesejado ou não

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Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboola.

Eu sempre digo para as pessoas que tudo vai depender por que ângulo estamos olhando dizer que um abiku tem dificuldades na vida é verdade, mas quem não tem,eu já atendi algumas pessoas abiku muito bem de vida em todos os sentidos enquanto outros que não tem esse problema vivem um verdadeiro pesadelo .

Em yoruba bi significa (nascer ) e iku significa morrer então estamos falando de pessoas que deveriam ter morrido que nasceram para morrer e por alguma razão isso não aconteceu só isso já torna essas pessoas verdadeiros vencedores.

È claro que tudo é muito mais complicado que parece, tal situação requer muito conhecimento por parte do sacerdote que se arvore como conhecedor, ele pode colocar muitas vidas em risco inclusive a sua, tratar dos espíritos infantis é um misto de conhecimento e coragem ,pois um espírito de criança sempre pode surpreender .
O culto a o orisa Ibeje ( gêmeos)e o culto ao orisa Egbe orun(família do céu, espiritual)fazem parte de um conjunto que quando bem trabalhado trás a pessoa abiku uma vida de prazer e alegria.

Falar de algo que não se conhece ou nunca se viveu é um grande erro ,cabe a nós encontra uma forma de divulgar a mais pura verdade sobre esse assunto.

terça-feira, 6 de março de 2012

ORANIAN (ÒRÀNMÍYÀN)

Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo

(Tradução de Maria Aparecida da Nóbrega)

ORANIAN (ÒRÀNMÍYÀN)

“Òrànmíyàn (Oranian) foi o filho mais novo de Odùduà e tornou-se o mais poderoso de todos eles;

aquele cuja fama era a maior em toda a nação iorubá. Tornou-se famoso como caçador desde a

juventude e, em seguida, pelas grandes, numerosas e proveitosas conquistas que realizou. Foi o

fundador do reino de Oyó. Uma de suas mulheres, Trsí (Torosi), filha de
l mpe, o rei da nação

Tapa (ou Nupê), foi a mãe de Xangô, que mais tarde, subiu ao trono de Oyó. Oranian instalou um

outro filho seu. Eweka, como rei em Benim, tornando-se ele próprio Óòni de Ifé.

Oranian foi concebido em condições muito singulares, que, sem dúvida, espantariam os geneticistas

modernos. Uma lenda relata Omo Ogum, durante uma de suas expedições guerreiras, conquistou a

cidade de Ogatún, saqueou-a e trouxe um espólio importante. Uma prisioneira e rara beleza chamada

Lakanjê agradou-lhe tanto que ele não respeitou sua virtude. Mais tarde, quando Odùduà, pai de

Ogum, a viu, ficou perturbado, desejou-a por sua vez e fez dela uma de suas mulheres. Ogum,

amedrontado, não ousou revelar a seu pai o que se passara entre ele à bela prisioneira. Nove meses

mais tarde. Oranian nascia. Seu corpo era verticalmente dividido em duas cores. Era preto de um lado,

pois Ogum tinha a pele escura do outro, como Odùduà, que tinha a pele muito clara.

Essa característica de Oranian é representada todos os anos em Ifé, por ocasião da festa de
lj,

quando o corpo dos servidores do Óòni é pintado de preto e branco. Eles acompanham Óòni de seu

palácio até Òkè Mògún, a colina onde se ergue um monólito consagrado a Ogum. Essa grande pedra é

cercada de màrìwò òpè, franjas de palmeiras desfiadas, e, nesse dia, os sacrifícios de cão e galo são aí

pendurados. Óòni chega vestido suntuosamente, tendo na cabeça a coroa de odùduà, É uma das raras

ocasiões, talvez mesmo a única do ano, em que ele a usa publicamente, fora do palácio. Chegando

diante da pedra de Ogum, ele cruza por um instante sua espada com Oògún, chefe do culto de Ogum

em Ifé, em sinal de aliança, apesar do desprazer experimentado por Odùduà quando descobriu que

não era o único pai de Oranian.

Oranian, como já dissemos, foi o fundador da dinastia dos reis de Oyó. O mito da criação do mundo

tal como é contado em Oyó atribui-lhe esse ato e não a Odùduà.

Estes dois personagem são os fundadores das respectivas linhagem reais de Oyó e de Ifé, o que bem

demonstra que o mito da criação do mundo é, de uma lado e outro, o reflexo da lenha histórica da

origem das dinastias que dominam nesses dois reinos.

A supremacia estabelecida por Oranian sobre seus irmãos nos é narrada em uma lenda recolhida no

século passado Oyó:

“No começo, a terra não existia... No alto era o céu, embaixo era a água e nenhum ser animava nem o

céu nem a água. Ora, o todo-Poderoso Olodumaré, o senhor e o pai de todas as coisas... criou,

inicialmente, sete príncipes coroados... Em seguida... sete sacos nos quais havia búzios, pérolas,

tecidos e outras riquezas. Criou uma galinha e vinte e uma barras de ferro. Criou, ainda, destro de um

pano preto, um pacote volumoso cujo conteúdo era desconhecido. E, finalmente, uma corrente de

ferro muito comprida, na qual prendeu os tesouros e os sete príncipes. Depois, deixou cair tudo do

alto do cér... No limite do vazio só havia água... Olodumaré, do alto de sua morada divina, jogou uma

semente que caiu na água. Logo, uma enorme palmeira cresceu até os príncipes, Oferecendo-lhe um

abrigo grande e seguro, entre as suas palmas. Os príncipes se refugiaram ali e se instalaram com suas

bagagens. Eram todos príncipes coroados e conseqüentemente, todos queriam comandar. Resolveram

separar-se. Os nomes desses sete préncipes eram: Olówu, que se tornou rei do Egbá; Onisabe, que se

tornou rei de Savé;
rangun, que reinou em Ila; Óòni, que foi soberano de Ifé; Ajero, que se tornou

rei de Ijerô; Alákétu, que reinou em Kêto; e o último criado, o mais jovem, Òrànmíyàn, que se tornou

rei de Oyó.

Antes de se separarem para seguirem seus destinos, os sete príncipes decidiram reparti entre eles a

soma dos tesouros e das provisões que o Todo-Poderoso lhes havia dado. Os seis mais velhos

pegaram os búzios, as pérolas, os tecidos e tudo o que julgaram precioso ou bom para comer.

Deixaram para o mais moço o pacote de pano preto, as vinte e uma barras de ferro e a galinha... Os

seis príncipes partiram à descoberta nas folhas de palmeira. Quando Oranian ficou sozinho, desejou

ver o que continha o pacote envolto no pano preto. Abriu-o e viu uma porção de substância preta que

ele desconhecia... sacudiu então o pano e a substância preta caiu na água e não desapareceu. Formou

um montículo. A galinha voou para pousar em cima. Ali chegando, ela pôs-se a ciscar essa matéria

preta, que se espalhou para longe. E o montículo se ampliou e ocupou o lugar da água. Eis aí como

nasceu a terra.

Oranian apresou-se em descer para o domínio, assim formado pela substância negra, e tomou posse da

terra. Por sua vez, os outros seis príncipes desceram da palmeira. Quiseram tomar a terra de Oranian,

como já lhe haviam tomado, na palmeira, sua parte dos búzios, das pérolas, dos tecidos e dos

alimentos... Mas Oranian tinha armas; suas vinte e uma barras de ferro haviam se transformado em

lanças, dardos, fechas e machados. Com a mão direita, ele brandia uma longa espada, e lhes dizia:

“ Esta terra é só minha. Lá em cima, quando me roubaram, vocês me deixaram apenas esta terra e este

ferro. A terra cresceu e o ferro também; com ele defenderei a minha terra! Vou matar todos vocês. Os

seis príncipes pediram clemência, rastejaram aos pés de Oranian, suplicantes. Pediram-lhe que

cedesse uma parte de sua terra para que pudessem viver, e continuar príncipes... Oranian poupou-lhes

a vida e deu-lhes uma parte da terra. Exigiu apenas uma condição: esses príncipes e seus descendentes

deveriam permanecer sempre seus súditos e de seus descendentes; deveriam, todo ano, vir presta-lhe

homenagem e pagar os impostos na sua cidade principal, para demonstrar e lembrar que eles tinham

recebido, por condescendência, a vida e sua parte de terra. Eis aí como Oranian tornou-se rei de Oyó e

soberano da nação iorubá é, de toda a terra.”

Porém, Ifé reivindica a preponderância sobre Oyó. É em Ifé que está guardado o sabre de Oranian,

chamado “ sabre da Justiça” , que os reis de Oyó devem segurar nas mãos durante as cerimônias de

entronização, para garantir sua futura autoridade.

Vêem-se ainda em Ifé duas outras relíquias de Oranian: um grande monólito, o Òpá Òrànmíyàn, seu

escudo.

domingo, 4 de março de 2012

Casa Branca do Engenho Velho ou Ilê Axé Iyá Nassô Oká.

Casa Branca do Engenho Velho, Sociedade São Jorge do Engenho Velho ou Ilê Axé Iyá Nassô Oká é considerada a primeira casa de candomblé aberta em Salvador, Bahia. Constituído de uma área aproximada de 6.800 m², com as edificações, árvores e principais objetos sagrados. É o primeiro Monumento Negro considerado Patrimônio Histórico do Brasil desde o dia 31 de maio de 1984.
  • O Tombamento Terreiro Casa Branca, foi realizado em 14 de Agosto de 1986 pelo IPHAN.[1][2]
  • Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico Inscrição:093
  • Livro Histórico, Inscrição:504, Nº Processo:1067-T-82

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[editar] História

A história da Casa Branca do Engenho Velho foi contada na III Conferência Mundial da Tradição dos Orixás e Cultura, realizado em Nova Iorque, pelo representante oficial da Casa Branca, José Abade de Oliveira, Ótun Olu K'otun Jagun
Ilê Axé Iya Nassô Oká / Terreiro da Casa Branca
No período da escravidão no Brasil,[3] os negros formavam suas comunidades nos engenhos de cana. Na Bahia, princesas, na condição de escravas, vindas de Oyó e Keto, fundaram um centro num engenho de cana. Depois se agruparam num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de Nagô Ilè Asé Airá Intilè também conhecida como Candomblé da Barroquinha, que segundo historiadores, remonta mais ou menos 300 anos de existência, dentro do perímetro urbano de Salvador.
Sabe-se que esta comunidade fora fundada por três negras africanas cujos nomes são: Adetá ou Iyá Detá, Iyá Kalá, Iyá Nassô e Babá Assiká, Bangboshê Obitikô. Não se tem certeza de quem plantou o Axé, porém o Engenho Velho se chama Ilé Iya Nassô Oká.
Foto antiga do Terreiro da Casa Branca
Os africanos que se encontravam ali, lugar deserto naquela época, porém próximo ao Palácio de sua Real Majestade, tiveram receio da intervenção das autoridades no seu Culto, daí, Iyá Nassô resolveu arrendar terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, no trecho chamado Joaquim dos Couros, lugar onde se encontra até hoje, estabelecendo aí o primeiro Terreiro de Culto Africano na Bahia.
A Iyá Nassô, sucedeu Iya Marcelina da Silva. Após a morte desta, duas das suas filhas, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, disputaram a chefia do candomblé, cabendo à Maria Júlia Figueiredo que era a substituta legal (Iya Kekeré) tomar a posse de Mãe do Terreiro. Maria Júlia da Conceição afastou-se com as demais discidentes e fundaram outra Ilé Axé, o (Terreiro do Gantois).
Substituiu Maria Júlia Figueiredo na direção do Engenho Velho, a Mãe Sussu (Ursulina de Figueiredo). Com a sua morte nova divergência foi criada entre suas filhas, Sinhá Antonia, substituta legal de Sussu, por motivos superiores não podia tomar a chefia do Candomblé, em consequência o lugar de Mãe foi ocupado por Tia Massi (Maximiana Maria da Conceição).
Vencendo o partido da Ordem, dissidentes inconformados fundaram então uma outra Ilé Axé, o (Ilê Axé Opô Afonjá).
Maximiana Maria da Conceição, Tia Massi foi sucedida por Maria Deolinda, Mãe Oké. A direção sacerdotal do Engenho Velho foi posteriormente confiada à Marieta Vitória Cardoso, Oxum Niké, recentemente desaparecida.
Atualmente, assumiu a chefia da Casa, a Iya Lorixá Altamira Cecília dos Santos, filha legítima de Maria Deolinda dos Santos, carinhosamente chamada de "Papai Oké".

[editar] Sociedade Beneficente e Recreativa

A Sociedade Beneficente e Recreativa São Jorge do Engenho Velho que representa o candomblé da Casa Branca, foi fundada a 25 de julho de 1943, registrada no Cartório Especial de Títulos e Documentos em 2 de maio de 1945 sob nº 15.599, declarada de utilidade pública pela Lei Municipal 759 de 31 de dezembro de 1956, é regida por Estatuto e tem personalidade jurídica.

Sua Diretoria é composta por um presidente, um vice, 1º e 2º secretário, 1º e 2º tesoureiro. Assembléia geral, com presidente, 1º e 2º secretários. Comissão fiscal, composta por três membros. Atualmente a Diretoria da Sociedade é exercida pelo Sr. Antônio Agnelo Pereira. Ministro de Oxalá, Oxogum e Obalaxé do Ilé Iya Nassô Oká, Casa Branca. A Diretoria de Honra da Entidade é composta pela Trilogia Sacerdotal do Axé, atualmente representada nas pessoas da Iya Altamira Cecília dos Santos, Iya Juliana da Silva Baraúna e Iya Areonite da Conceição Chagas. Existe ainda a Diretoria do Patrimônio e uma Comissão de Defesa do Patrimônio.

[editar] O Terreiro

Telhado do terreiro de candomblé.
O Terreiro é de Oxossi e o Templo principal é de Xangô. O Barracão que tem o nome de Casa Branca, é uma edificação alongada com várias divisões internas que encerram residências das principais pessoas do Terreiro, como também espaços reservados aos quartos de Orixás, quarto de Axé, Salão onde se realizam as festas públicas, bem como a cozinha onde se preparam as comidas sagradas. Uma bandeira branca hasteada no Terreiro indica o carater sagrado deste espaço. No telhado do Barracão, símbolos de Xangô identificam o Patrono do Templo.
- Bandeira na casa branca
O terreno fica situado numa encosta que se estende até uma cota de 30,00 m com declividade de 30%, no lado direito da atual avenida da Gama, no sentido de progressão para o Rio Vermelho, entre as Ladeiras Manoel do Bonfim e do Bogun, na Unidade Espacial C-5 em Salvador - Bahia. Ocupa uma área de 6.000m². Em redor do Barracão existem várias casas de Orixás.

[editar] Situação atual

No iníco, as atividades do Ilé Axé sofreram perseguições da Sociedade e por parte da Polícia. Já no período da República, o candomblé fora proibido de exercer as suas atividades e os Terreiros ficaram subjugados à Delegacia de Jogos, Entorpecentes e Lenocínio.
Hoje porém a situação é diferente. Existe na Prefeitura de Salvador, o Projeto Mamnba da Pro-Memória, sob a direção do Antropólogo Ordep José Trindade Serra, cujo objetivo é proceder o Mapeamento de Sítios e Monumentos Religiosos Negros na Bahia.
Em 14 de junho de 1986, o Ministério da Cultura, a Prefeitura Municipal de Salvador e o Ministério da Relações Exteriores, em conjunto lançaram oito postais sobre a Ilé Axé Iya Nassô Oká e a revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional publicou - A Coroa de Xangô no Terreiro da Casa Branca - em separata do número 21/1986. Chegou então a hora da proteção a todos os Terreiros de Candomblé do Estado. Língua yorubá nos Currículos de 1º e 2º graus.
Diante da solicitação da Socidade Beneficente São Jorge do Engenho Velho, conforme fundamentação e comprovação firmada pelo presidente, Sr. Antonio Agnelo Pereira, cultor de etnografia afro e diplomado em Língua Yorubá pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia, o Conselho Estadual de Educação aprovou introdução da Língua yorubá nos Currículos de 1º e 2º Graus nos Colégios de Rede de Ensino do Estado.
O Ilé Axé Iya Nassô é o 1º Templo de Culto Religioso Negro no Brasil - Casa Branca do Engenho Velho.
É o primeiro Monumento Negro considerado Patrimônio Histórico do Brasil desde o dia 31 de maio de 1984 (Tombamento do Terreiro do Engenho Velho).
Antes disso, em 1982, o Terreiro já havia sido tombado como Patrimônio da Cidade do Salvador 1ª Capital do Brasil.
Em 1985 o Terreiro do Engenho Velho foi considerado Axé Especial de preservação Cultural do Município de Salvador.
A Sociedade São Jorge do Engenho Velho, representante legal da Comunidade do Ilé Axé Iya Nassô Oká foi considerada de utilidade pública Municipal e Estadual. É Membro do Conselho Geral do Memorial Zumbi.
Atualmente está feito o Plano de preservação do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho e prepara-se o Projeto de Recuperação da área em convênio com o Ministério da Cultura e a Prefeitura Municipal do Salvador.
O Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, mais antigo do Brasil, tem como Iyalorixá a Venerável Altamira Cecília dos Santos, secundada pelas veneráveis Iya Kekeré Juliana da Silva Baraúna e Otun Iya Kekeré Areonite da Conceição Chagas.
Possui um vasto Colégio Sacerdotal composto pelas Iya bomin, Ogans e Olossés, além de muitas Iyaôs e Abians. Deu origem a inúmeros Templos afro-brasileiros.

[editar] Sacerdotisas

[editar] Calendário de festas

As obrigações religiosas da Ilé Axé começam no fim de maio ou princípio de junho com a Festa de Oxossi. No dia de Corpus Christi tem a tradicional Missa de Oxóssi
A Festa de Ayrà tem lugar a 29 de junho.
Na última sexta-feira de agosto, realiza-se a Cerimônia da As Águas de Oxalá, seguindo-se os três domingos consecutivos, nos quais se festeja Odudwa no primeiro, Oxalufan no segundo e a Festa do Pilão em homenagem a Oxaguian, no último domingo.
Na segunda-feira imediata, festeja-se Ogum e na seguinte Omolú.
Havendo no entanto, um espaço para iniciação de novas filhas, prossegue as festas em louvor a Yansã, Xangô, Festa das Iabás e Oxum, terminando o ciclo festivo no final de novembro.
O X Alaiandê Xirê Ipade Lomin - Encontro das Águas na Avenida Vasco da Gama, aconteceu de 15 a 18 de novembro de 2007 na Casa Branca do Engenho Velho, devendo retornar ao referido terreiro na 12ª edição, em 2009

Referências

[editar] Ligações externas

Candomblé Ketu.

Candomblé Ketu (pronuncia-se queto) é a maior e a mais popular "nação" do Candomblé, uma das Religiões afro-brasileiras.
No início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias da Igreja Católica na região de Salvador, Bahia. Dentre os escravos pertencentes ao grupo dos Nagôs estavam os Yoruba (Iorubá). Suas crenças e rituais são parecidos com os de outras nações do Candomblé em termos gerais, mas diferentes em quase todos os detalhes.
Teve inicio em Salvador, Bahia, de acordo com as lendas contadas pelos mais velhos, algumas princesas vindas de Oyó e Ketu na condição de escravas, fundaram um terreiro num engenho de cana. Posteriormente, passaram a reunir-se num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de Jeje-Nagô pretextando a construção e manutenção da primitiva Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha que, segundo historiadores, efetivamente conta com cerca de três séculos de existência.[1]
No Brasil Colônia e depois, já com o país independente mas ainda escravocrata, proliferaram irmandades. "Para cada categoria ocupacional, raça, nação - sim, porque os escravos africanos e seus descendentes procediam de diferentes locais com diferentes culturas - havia uma. Dos ricos, dos pobres, dos músicos, dos pretos, dos brancos, etc. Quase nenhuma de mulheres, e elas, nas irmandades dos homens, entraram sempre como dependentes para assegurarem benefícios corporativos advindos com a morte do esposo. Para que uma irmandade funcionasse, diz o historiador João José Reis, precisava encontrar uma igreja que a acolhesse e ter aprovados os seus estatutos por uma autoridade eclesiástica".
Muitas conseguiram construir a sua própria Igreja como a Igreja do Rosário da Barroquinha, com a qual a Irmandade da Boa Morte manteve estreito contato. O que ficou conhecido como devoção do povo de candomblé. O historiador cachoeirano Luiz Cláudio Dias Nascimento afirma que os atos litúrgicos originais da Irmandade de cor da Boa Morte eram realizados na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, templo tradicionalmente freqüentado pelas elites locais. Posteriormente as irmãs transferiram-se para a Igreja de Santa Bárbara, da Santa Casa da Misericórdia, onde existem imagens de Nossa Senhora da Glória e da Nossa Senhora da Boa Morte. Desta, mudaram-se para a bela Igreja do Amparo desgraçadamente demolida em 1946 e onde hoje encontram-se moradias de classe média de gosto duvidoso. Daí saíram para a Igreja Matriz, sede da freguesia, indo depois para a Igreja da Ajuda.
O fato é que não se sabe ao certo precisar a data exata da origem da Irmandade da Boa Morte. Odorico Tavares arrisca uma opinião: a devoção teria começado mesmo em 1820, na Igreja da Barroquinha, tendo sido os Jejes, deslocando-se até Cachoeira, os responsáveis pela sua organização. Outros ressaltam a mesma época, divergindo quanto à nação das pioneiras, que seriam alforriadas Ketu. Parece que o “corpus” da irmandade continha variada procedência étnica já que fala-se em mais de uma centena de adeptas nos seus primeiros anos de vida.
Essas confrarias eram os locais onde se reuniam as sacerdotisas africanas já libertas (alforriadas) de várias nações, que foram se separando conforme foram abrindo os terreiros. Na comunidade existente atrás da capela da confraria foi construído o Candomblé da Barroquinha pelas sacerdotisas de Ketu que depois se transferiram para o Engenho Velho, ao passo que algumas sacerdotisas de Jeje deslocaram-se para o Recôncavo Baiano para Cachoeira e São Félix para onde transferiram a Irmandade da Boa Morte e fundaram vários terreiros de candomblé jeje sendo o primeiro Kwé Cejá Hundé ou Roça do Ventura.
O Candomblé Ketu ficou concentrado em Salvador. Depois da transferência do Candomblé da Barroquinha para o Engenho Velho passou a se chamar Ilê Axé Iyá Nassô mais conhecido como Casa Branca do Engenho Velho sendo a primeira casa da nação Ketu no Brasil de onde saíram as Iyalorixás que fundaram o Ilê Axé Opô Afonjá e o Ilê Iya Omin Axé Iyamassé, o Terreiro do Gantois.

Índice

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[editar] Orixás

Os Orixás do Ketu são basicamente os da Mitologia Yoruba.
Olorun também chamado Olodumare é o Deus supremo, que criou as divindades ou Orixás (Òrìsà em yoruba). As centenas de orixás ainda cultuados na África, ficou reduzida a um pequeno número que são invocados em cerimônias:
  • Exu, Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
  • Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
  • Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.
  • Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca
  • Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
  • Ayrà, Usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
  • Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas, Orixá da Cura.
  • Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
  • Ossaim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.
  • Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do Rio Niger
  • Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, do jogo de búzios, e do amor.
  • Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.
  • Nanã, Orixá feminino dos pântanos, e da morte, mãe de Obaluaiê.
  • Yewá, Orixá feminino do Rio Yewa.
  • Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô
  • Axabó, Orixá feminino da família de Xangô
  • Ibeji, Orixás gêmeos
  • Irôco, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
  • Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
  • Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
  • Onilé, Orixá do culto de Egungun
  • Oxalá, Orixá do Branco, da Paz, da Fé.
  • OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos.
  • Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do destino.
  • Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
  • Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua
  • Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká
  • Olokun, Orixá divindade do mar
  • Olossá, Orixá dos lagos e lagoas
  • Oxalufon, Qualidade de Oxalá velho e sábio
  • Oxaguian, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro
  • Orixá Oko, Orixá da agricultura
Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Şàngó em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ògún em Ekiti e Ondo, Òşun em Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Oşàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Oşàlúfon em Ifon e Òşágiyan em Ejigbo
No Brasil, em cada templo religioso são cultuados todos os Orixás, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada Orixá, nas casas menores são cultuados em um único quarto de santo (termo usado para designar o quarto onde são cultuados os Orixás).

[editar] Ritual

O Ritual de uma casa de Ketu, é diferente das casas de outras nações, a diferença está no idioma, no toque dos Ilus (atabaque no Ketu), nas cantigas, nas cores usadas pelos Orixás, os rituais mais importantes são: Padê, Sacrifício, Oferenda, Sassayin, Iniciação, Axexê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum,...
A língua sagrada utilizada em rituais do Ketu é derivada da língua Yoruba ou Nagô. O povo de Ketu procura manter-se fiel aos ensinamentos das africanas que fundaram as primeiras casas, reproduzem os rituais, rezas, lendas, cantigas, comidas, festas, e esses ensinamentos são passados oralmente até hoje.

[editar] Hierarquia

As posições principais do Ketu (são chamados de cargo ou posto, em yoruba Olóyès , Ogãns e Àjòiès), em termos de autoridade, são:
O cargo de autoridade máxima dentro de uma casa de candomblé é o de Iyálorixá (mãe-de-santo) ou Babalorixá (pai-de-santo). São pessoas escolhidas pelos Orixás para ocupar esse posto. São sacerdotes, que após muitos anos de estudo adquiriram o conhecimento para tal função. Quando a pessoa escolhida através do jogo de búzios ainda não está preparada para assumir o posto, terá que ser assistida por todos Egbomis (meu irmão mais velho) da casa para obter o conhecimento necessário.
  1. Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai.
  2. Iyakekerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
  3. Babakekerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
  4. Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos rituais.
  5. Ojubonã ou Agibonã: mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação
  6. Egbomis: são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: egbon mi, "meu irmão mais velho").
  7. Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas-de-santo
  8. Iaô: filha-de-santo que já entra em transe.
  9. Abiã ou abian: novato.
  10. Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais (não entra em transe).
  11. Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques (não entra em transe).
  12. Ogãs ou Ogans: tocadores de atabaques (não entram em transe).
  13. Ajoiê ou ekedi: camareira do Orixá (não entra em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é chamada de "makota de angúzo". "Ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.